sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Sonhei que era assassina

Sonhei que era assassina.
De faca.
Já com duas vítimas e arrependimento
nem vê-lo.

Tremia só do pavor de ter deixado rasto.
Aconselhava os cúmplices a viajar para o país do lado
ou para o país ao lado do país do lado.

Vivia ainda as imagens
das facas na nuca e o cabelo de nylon de barbie
e a raiva e a certeza
de não querer a Norah viva nem o outro.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

engagement décennal

je vous aime
librement
en savant que je suis
pris d'amour pour autant

je suis le prisionier
de cette liberté
je suis le poème
d'amour
c'est ça le thème

je vous aime
tous les jours
toutes les décennies
engagé oui
avec du feu de l'impatience
des siècles toutes les décennies
je fais confiance

je garde au coeur
la couleur la révolution des moeurs
relativement absolu
bien entendu

a toi
poème
et a moi
libre amour j'aime

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

poema para o desenho treze de vinte e três desenhos e um fragmento de MD

a pequena língua da liguareira que ouve à janela e fala à escada
a grande língua afiada da lambareira
que ouve à escada e fala à janela
torce e retorce e trava e destrava o volume da voz
bate nos dentes e desliza pronta para a curva
atrasa e avança faz mil movimentos ao segundo
e ao longo do dia vai roubando o baton aos lábios
até que lhe chegam aos ouvidos certos impropérios
sobre a sua língua e a sua língua
incha, incha, incha de tanto não poder responder
incha, incha, incha de tanto não poder dançar
e já não cabe na boca
e a linguareira morde a língua

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

bute

agora tudo
mais pequeno
para nos pôr o chapéu modesto e dizer
sou eu e
PRECISO DISTO

e se tu precisares também
vamos
de quê?

teb celev

tragaram estalaram
bateram cunharam
esculpiram levantaram
ergueram virilidades
hoje arruinadas
e ainda bem

desse lixo faz-se a colagem
reactivando a luta de classes
e nos buracos fazemos casas